A importância preponderante dos problemas filosóficos
Frente a qualquer outro elemento da filosofia como um todo
Fábio Valverde
Universidade
Estadual Paulista
Redefor
filosofo@globo.com
Resumo:
A presente pesquisa tem como objetivo central a reflexão e
investigação sobre uma abordagem que leve em conta uma metodologia,
que não incorra em cair num ensino enciclopédico, onde conteúdos
são apresentados de forma temática, numa tentativa de torná-los
mais próximos da realidade vivida pelos jovens, vislumbrando a busca
de caracterizar grandes problemas da Filosofia na medida em que
permite tanto o acesso aos temas filosóficos mais relevantes quanto
à história da filosofia, possibilitando filosofar. O desafio que
anunciamos com esse trabalho é a atividade questionadora a partir de
grandes problemas da filosofia em Geral, como por exemplo, o belo é
melhor que o feio? O homem é realmente livre? O “perguntar a
partir” tem esse significado, entendendo que não se trata de negar
o conhecimento existente, muitas vezes em forma de senso comum, onde
o estudante encara suas preocupações existenciais, culturais etc.;
como elementos (problemas) que tem valor e necessitam de reflexão e
escolhas. Portanto, uma metodologia que leva em consideração
grandes problemáticas da filosofia muitas vezes de maneira muita
tênue e intensa fazendo parte do caminhar do estudante, ele o vê
como sendo um protagonista que ocupa um papel no mundo da filosofia
contemporânea, ele o vivencia e sente a necessidade de resolvê-lo.
Palavras
Chaves: metodologia, problematização, paradigma,
dialogicidade, mídias, espanto, sensibilizar.
1
INTRODUÇÃO
Buscar
uma metodologia que permita o educando apropriar-se de conceitos
filosóficos, assim como uma salutar condição para que o
estereótipo da disciplina, que muitas vezes distanciam jovens
estudantes da proposta lançada, seja na graduação ou no ensino
médio, vem sendo um grande desafio para filósofos e professores de
filosofia; principalmente após seu retorno à grade curricular do
ensino médio. Portanto, investigar, pesquisar e pensar tal proposta
e garantir condições para que o ensino e o próprio filosofar
ultrapassem a visão enciclopédica e meramente de mais uma
disciplina no currículo. Tal concretização pode ser construída
como ponto de partida, a compreensão da importância dos problemas
(ou questão da filosofia). Antes ainda, fazem-se necessários dois
questionamentos, ou melhor, deixar-nos mover pela perplexidade da
realidade como diria o filósofo Gerd Bornheim:
Não falo de um silêncio
estático e torturante, mas de um silêncio inquieto que sobrevive de
indagações escondidas. Parece que o homem de hoje, perdeu a
capacidade de ficar perplexo, de não se conformar com as coisas que
acontecem em sua volta. Parece que perdeu a capacidade de parar e
ficar consigo mesmo, sem pressa de chegar. Por isso que uma aula de
Filosofia não faz efeito em mim no mesmo dia em que ela foi dada,
demora certo tempo, o tempo que essa aula demora em mim. Sinto seus
desdobramentos, suas nuances. Sou formado e ao mesmo tempo inacabado.
Como diria Husserl, meu limite é o infinito, minha finalidade é a
infinidade. Não vou sozinho, tenho companheiros que junto comigo,
desbravam a aventura de ir até o limiar da razão e descobrirem os
limites da razão e o que pode ir além dela. (BORNHEIM, 1989, p.
96).
Esta dúvida leva-nos a pensar,
como referimos acima, em duas questões que permitiram o
desenvolvimento do presente trabalho, a saber, o que significa o
conceito (palavra) problema que usamos corriqueiramente em
nossas conversas, trabalho etc.? Uma segunda mais importante: O que
caracteriza um problema filosófico?
Conforme algumas definições que
temos com auxílio dos dicionários entendem-se problema como uma
dificuldade na obtenção de um determinado objetivo. Em outros
contextos pode ter um significado diferente. Em matemática,
um problema é uma questão proposta em busca de uma
solução. Um problema matemático pode ter solução ou não,
algumas vezes possui diversas soluções. Mas que exemplos, ou
sugestões de situações em aula, podemos usar para a construção
do pensamento crítico a partir de problemas filosóficos?
Lançar questões que já fazem
parte do “mundo” do estudante e que, de fato, em algum momento,
independentemente da série e ou disciplina, mobilize habilidades
para uma reflexão apurada e consistente, pode facilitar e qualificar
o trabalho do professor, por exemplo: Deus existe? O mal que há no
mundo é compatível com a existência de Deus? Provocações que
despertam e aguçam a imaginação dos alunos permitindo assim que
façamos parte do “mundo” deles, de suas reais inquietações e
interesses.
Capítulo 1
Mundo da Imagem: Em busca de uma
metodologia significativa para jovens estudantes de filosofia.
Vivemos em um mundo da imagem,
aliás, disputamos em sala de aula a atenção dentro de uma
configuração um pouco injusta, celulares super modernos, videogames
que estimulam e interagem sem contar esta máquina que ora escrevo e
que permite uma comunicação vasta e veloz intensamente mais
chamativa e visualmente mais impactante que as “velhas” lousas
que usamos. Assim como “concorrer” com tão fortes apelos, muitas
vezes deformadores, constituindo verdadeiras barreiras para que de
fato possamos realizar aproximações e intervenções que possam
criar condições para o pensar metódico e rigoroso que o filosofar
exige. Edgar Morin diz que a educação “deve contribuir para a
auto-formação da pessoa (ensinar a assumir a condição humana,
ensinar a viver)” (MORIN, 2001, p. 65). À medida que essa educação
dá condições para que os envolvidos aprendam a ser humanos, ele é
educativo e passa a ser a espinha dorsal que permite a dialogicidade,
como método para ouvir cuidadosamente os outros (pois ouvir é
pensar), devemos pesar nossas palavras (pois falar é pensar),
que devem ser conduzidas independentemente de outras investigações
intelectuais, entretanto, muitas dessas buscas podem, no final,
beneficiar-se da reflexão e do diálogo, que são distintamente
filosóficos.
Quando falamos em ouvir, na
escuta do outro e claro na metodologia que devemos nos empenhar para
que ocorram as problematizações e leituras, que devem ser
consideradas premissas básicas para que tal encontro ocorra e tenha
uma representação significativa para os estudantes, a sala de aula
não é o seu único ambiente. Todos os espaços e os momentos podem
ser educativos. Humberto Maturana (1999, p. 29) afirma que: “[...]
o educar se constitui no processo em que a criança ou o adulto
convive com o outro e, ao conviver com o outro, se transforma
espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz
progressivamente mais congruente com o do outro no espaço da
convivência. O educar ocorre, portanto, todo o tempo e de maneira
recíproca”.
................................................continua
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