sexta-feira, 13 de abril de 2012

FILOSOFIA: UMA DISCIPLINA QUE FAZ RACIOCINAR


Filosofia fortalece o conhecimento, desenvolve a capacidade de criar linhas de pensamento e reforça a liberdade de expressão, tornando-nos mais críticos e bem relacionados com a sociedade
A filosofia sempre fez parte da grade curricular das instituições de ensino. E com razão. Afinal de contas, essa disciplina oferece aos estudantes novas possibilidades de raciocínio, pensamento e conhecimento, tornando-os mais críticos e questionadores. A filosofia contribui para a construção da personalidade, fortalecendo a aprendizagem e ajudando o aluno a se relacionar mais e melhor com a sociedade. Porém, na rede pública, a administração desta matéria ainda deixa a desejar. Isso se deve ao fato de ter sido excluída da educação durante a época da ditadura militar.

Em 1964, período em que o país passou a ser governado por uma junta militar, a filosofia foi banida do ensino. A democracia estava sufocada. O que havia era a supressão de direitos constitucionais, censura e perseguição política. Os militares puniam toda e qualquer manifestação popular e impediam a livre manifestação do pensamento. Não interessava aos governantes da época formas de expressão, opinião e pensamentos diferentes da ideologia dominante.

O tempo passou e a ditadura chegou ao fim. Redemocratizado o país, a educação ganhou novos ares. Em junho de 2008 foi revogada a lei que vetava a sociologia e a filosofia da grade do ensino médio na rede pública. Conscientes da necessidade de resgatar a disciplina, os educadores manifestam opiniões sobre o assunto. O filósofo e jornalista Waldir Pedro, formado pela Universidade de Santos (UniSantos), acredita que a filosofia está voltando à grade escolar de forma tímida, depois de anos proscrita dos bancos escolares.

Os fatores que atrofiam o pensar
Waldir lembra que, durante o regime militar, toda forma de pensamento era reprimida. Não havia liberdade de expressão e a filosofia acabou excluída por ser uma disciplina que incomodava. “Na ditadura nós sabíamos que havia um poder repressor e eram visíveis os atentados à liberdade de pensamento e de expressão. Nos dias atuais existem diversos fatores, não tão visíveis assim, que atrofiam a liberdade de pensamento. Até o momento ela (a filosofia) não disse a que veio. Voltou ao currículo de maneira decorativa”, critica Waldir.

O filósofo defende a importância do ensino da filosofia no ensino médio, pois é o momento em que o aluno pode fortalecer sua capacidade de aprendizagem, tornando-se mais maduro na forma de pensar. Todavia, a presença e a participação do professor são fundamentais nesse processo. “O verdadeiro aprendizado de democracia e cidadania pode começar em sala, na aula de filosofia. Desde que o professor mostre que a sala de aula é um espaço da diversidade, um octógono do livre pensar.
O jovem entende que pode conviver com pensamento discordante, que precisa ter mais conhecimento para formar seu argumento, que as palavras e pensamentos têm mais poder que a força física”, conclui Waldir.

Fermento para o crescimento intelectual

O aprendizado da filosofia no ensino médio ajuda no crescimento pessoal e profissional do aluno. Por meio do estudo desta disciplina os estudantes vão encontrar respostas para as diferenças do pensamento humano. Isso porque passam a entender questões frequentemente abordadas em relação à política, cidadania, cultura, ética, entre outras.

Professora de filosofia em escolas particulares desde 1985, Bernadete Fidelis defende a importância de aprender essa matéria ainda no ensino básico. Ela acha que este é o momento de o aluno estabelecer uma relação melhor com o mundo em que vive, porque leva uma bagagem cultural muito grande e a filosofia permite esse contato com a sociedade. Além de contribuir para o crescimento do pensamento, o que vai lhe proporcionar uma visão mais abrangente e crítica.

“É fundamental estudar filosofia, porque eles aprendem a trabalhar as situações que acontecem no dia a dia. É possível criar um poder de crítica, uma visão mais abrangente e uma percepção melhor dos fatos. Além de ajudar na relação com a sociedade, porque carrega uma bagagem cultural muito grande. A filosofia permite isso: criar essa relação na sociedade, na política, ética e cidadania”, observa.

Entusiasmo
Bernadete explica que, durante suas aulas, sente a interação dos alunos de maneira positiva. Ela percebe o interesse dos alunos pela disciplina. E destaca que muitas vezes os alunos sugerem novas atividades para trabalhar com a filosofia. “A participação deles durante as aulas é muito positiva. Eles gostam, se interessam, e percebo o crescimento e o desenvolvimento da capacidade crítica deles. Chegam a sugerir mais aulas durante a semana”, conta a professora.

O fato é que, durante 47 anos, a filosofia permaneceu na grade da educação básica da rede pública, mas de forma optativa. A disciplina era ministrada, contudo não havia materiais suficientes para auxiliar alunos e professores durante as aulas. Após a revogação da lei que tornava a filosofia proscrita, em 2008, a disciplina voltou a integrar obrigatoriamente a grade nas escolas públicas. Mas só neste ano as escolas de ensino médio vão receber os livros didáticos e poderão garantir aos alunos as mesmas experiências da rede particular.

Mudanças
O filósofo e jornalista Waldir Pedro aborda o assunto em seu livro Em busca da transformação. “Lembrei de quando comecei a estudar filosofia. Das crises existenciais que tive por colocar em xeque tudo o que aprendi. Das verdades que vi como inverdades. O livro faz essa trajetória de mudança. As pessoas mudam com o tempo. Nada é tão dogmático como parece e muitas vezes na vida precisamos estar abertos ao novo. É um hino de liberdade (o livro) para a formação do ser”, pondera Waldir.

Fonte: PAULA MORAIS pmorais@jornaldacomunidade.com.br  Redação Jornal da Comunidade

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