sábado, 22 de março de 2014

A Influência da violência na TV


O psicólogo americano Leonard Eron, em 1960, entrevistou 835 crianças em Nova York e observou o papel da TV em sua existência. Ele viu que, quanto mais programas violentos assistiam, mais agressivos eram. Em 1971 e em 1980 ele entrevistou o grupo de novo e verificou que muiitos daqueles que tinham sido cosumidores vorazes de violência na TV tiveram comportamentos hostis na adolescência e como adultos. Quanto mais agressivos eram aos 8 anos, piores tendiam a ser aos 20 e aos 30, protagonizando um maior número de prisões e condenações. (Rev. Super interessante-Ago/99).
Novela das sete fez merchandising "collorido":
Euclydes Marinho, autor da novela "Andando nas Nuvens", da Rede Globo, não satisfeito com os três personagens com o nome de sua mulher, Lilibeth Monteiro de Carvalho, que por sua vez, já foi mulher do ex-presidente Fernando Collor de Mello, criou dois personagens com os nomes dos filhos de Lilibeth com o ex-marido, Arnon Monteiro e Joaquim Pedro. Até aí, não há lei que impeça autores de novela colocarem nos seus personagens os nomes de seu agrado, se não existisse por trás destes nomes, interesses além das 'nuvens':Fora da TV, Arnon Affonso de Mello Neto é presidente do CSA, e a novela fez um merchandising do clube, onde numa cena, Alex (Otávio Augusto) aparece ouvindo um radinho de pilha, vestindo a camisa do time alagoano (CSA) e comemorando um gol enquanto diz que "o CSA é o maior time do Brasil". (Folha de São Paulo - 20/10/99)
Chucky & Maria João da Uga Uga!
Confirmado: a personagem Maria João (Vivianne Pasmanter), da novela Uga Uga!, foi mesmo inspirada em Chucky, o brinquedo assassino!(Revista Época-28/08/00)
Referências:
- Os Teledependentes - M.Alfonso Erausquin - Summus Editorial - S.Paulo - 1980
- A Criança e a Televisão - Luiz Teixeira - Ed. Loyola - S.Paulo - 1985
- Educação e Manipulação - Franz-Dietrich Poelert - Alemanha - 1988
- Oralidade, escrita, visualidade - Meios e modos da construção dos indivíduos e das sociedades - Perturbador mundo novo, apud Televisão e criança: um binômio incompatível - E. Samain - Unicamp - 1993
- Revista Superinteressante - Editora Abril - Junho/99.

Real Perigo

          Muitas vezes vemos filmes do cinema ou da televisão os personagens falando de lavagem cerebral, guerra psicológica, desinformação, hipnotismo e mensagens subliminares.
"A primeira vez em que vi uma explicação dos poderes da tecnologia de comunicação subliminar foi num episódio da série policial Columbo. Depois, vi filmes como They Live, do Carpenter, só tratando da manipulação subliminar, até chegar no Arquivo X, no episódio "Senha", no qual são abordados os subliminares governamentais." Flávio Calazans
           Hoje com a atual tecnologia existem sofisticados aparelhos subaudíveis/visuais, ondas de rádio, etc...que fazem o experimento de Jim Vicary parecer brincadeira de criança. As mensagens subliminares são empregadas para ensinar idiomas enquanto o estudante dorme, para vender produtos e até eleger Presidentes da República. Existem grandes empresas que colocam vírus nos computadores que fazem piscar na tela (efeito flicker) frases como "trabalhe mais rápido", para aumentar a produtividade dos empregados. Também supermercados instalam som ambiente com frases "sou honesto" e "roubar é errado", a fim de reduzir os índices de furtos entre os clientes, e bancos agem de forma semelhante para estimular aplicações financeiras.
           Nem todo o subliminar é mau e nocivo; veja, além das artes, os subliminares didáticos e terapêuticos para curar fobias e traumas psíquicos.
 Cores

A seguir dois exemplos de centenas de outras logo marcas trabalhadas com os mais modernos conhecimentos de indução psicológica da vontade. Onde é mostrado o funcionamento das cores (Psicologia das Cores) aplicadas ao Subliminar.

Coca-Cola = preto e vermelho, onde preto indica abafado e o vermelho calor, então, abafado + c+ calor dá a sensação de SEDE.alor dá a sensação de SE

Mc Donalds = amarelo e vermelho, onde o amarelo indica vazio e o vermelho calor, então vazio + calor sugere FOME (também sede) de comida quente

 http://www.terravista.pt/ilhadomel/5004/
http://www.calazans.ppg.br/home.htm
http://www.geocities.com/edsonkb/
http://www.geocities.com/Area51/Hollow/8261/sublim.htm

http://www.geocities.com/Brodway/Wing/6556/index2.html

Caverna do Dragão


Um dos desenhos de maior sucesso da TV brasileira. O desenho na verdade nasceu de um jogo de RPG, "Dungeons & Dragons".
O FINAL DE "CAVERNA DO DRAGÃO" [EXTRAÍDO DA REVISTA HERÓI 2000] - Mestre dos magos é o Demo A história é tão sinistra que é difícil não se surpreender. Segundo o boato, o dragão Tiamat seria na verdade um anjo, enviado para dizer que os garotos nunca conseguiriam retornar ao seu mundo... porque eles estavam mortos! Após um acidente fatal na montanha-russa, Hank e seus amigos morreram e foram destinados a permanecer para sempre no inferno. Lá eles estariam sendo vítimas das maldades do Demônio, que aparecia ora na forma de Vingador, ora na forma de Mestre dos Magos. Para auxiliar seu trabalho, o Coisa-ruim tinha a ajuda de Uni, que sempre impedia as crianças de retornar para a Terra. Esta trama macabra foi amplamente divulgada na Internet e tão bem contada que muita gente passou a tomá-la como sendo verdadeira. Para acabar com as dúvidas, a Herói 2000 conversou com dois roteiristas e o criador do desenho, que concordaram em uma coisa: é tudo papo furado! > Gary Gyrax, produtor e criador de Caverna do Dragão, é quem define: "Não há verdade alguma nisso. Nenhum episódio assim foi produzido. Tiamat não é um anjo e nem ajuda de maneira nenhuma". Já Mark Evanier, um dos roteiristas da série, é mais enfático: "Isto é completamente falso! Apesar de vários finais possíveis terem sido discutidos, nenhum último episódio foi realmente produzido". O escritor Michael Reaves, roteirista de oito episódios, completa: "Caverna do Dragão foi um desenho muito sombrio para sua época - tanto quanto é Gárgulas hoje. Nós o levamos o mais longe possível para um programa infantil". Apesar de Caverna ter sido um desenho à frente de seu tempo, Reaves diz que não haveria chance nenhuma de uma história deste tipo ter ido ao ar: "Os garotos não ficaram presos no inferno, nem o Mestre dos Magos é o demônio ou coisa parecida. Essa história toda é absurda", diz. Mas então, qual é a verdade afinal?
O Verdadeiro Final
Ao final do terceiro ano da série, a CBS decidiu colocar no ar um episódio que encerrasse a temporada. Michael Reaves escreveu aquele que pode ser considerado o verdadeiro último capítulo da série: Requiem. "Este episódio foi escrito de forma que tivesse um duplo sentido, ambíguo e triunfante: se o desenho não continuasse, o final seria satisfatório; se continuasse, o episódio serviria de trampolim para uma nova direção". Reaves finalizou o Script de Requiem em maio de 1985. Para sua surpresa (e a de todos), a série foi encerrada bruscamente e este roteiro acabou nunca saindo do papel. Gary Gyrax explica o fato: "Em 85, a equipe do desenho se reuniu com os executivos da Marvel e da CBS e foi decidido que a série continuaria na temporada seguinte. Os seis garotos - mais velhos e experientes - seriam chamados de volta ao mundo da Caverna do Dragão pelo Mestre dos Magos. Três scripts do desenho foram feitos e eu até aprovei um deles. Mas algumas dificuldades surgiram. A D&D Corp. fechou e a CBS junto com a Marvel decidiu não continuar mais com o desenho. A nova série acabou cancelada antes mesmo de ser produzida". Caso resolvido e encerrado. Só falta agora a Globo voltar a exibir Caverna do Dragão. Os fãs saudosos agradecem.
O Final que Ninguém Viu

Requiem pode ser considerado o verdadeiro final de Caverna do Dragão. Escrito há quase quinze anos, a história traz algumas revelações surpreendentes e um desfecho que certamente agradaria os fãs. "Eu gostaria que o episódio se chamasse Redemption (Redenção), mas a emissora achou que este nome dava muito na cara", diz Michael Reaves. Com a série cancelada, o roteiro nem chegou a virar desenho. O script pode ser lido na íntegra no site do escritor (http://www.mindspring.com/~michaelreaves/Requiem.htm) . Veja o resumo da história: O episódio inicia com os seis garotos enfrentando uma hidra. O Mestre dos Magos aparece durante a briga mas se recusa a ajudá-los, o que causa estranhamento geral. Mais tarde, o Vingador surge e apresenta uma maneira para a turma voltar ao seu mundo: encontrar uma chave escondida e arremessá-la em um abismo. A proposta faz o grupo se dividir em dois (Eric, Presto e Sheila de um lado e Hank, Bobby, Diana e Uni do outro). Após quase morrerem em um vulcão, eles se juntam novamente e encontram a tal chave dentro de um sarcófago com a imagem do Vingador. Ao serem atacados por uma ameba gigante, Eric usa a chave em uma fechadura e salva seus amigos da morte certa. Isso faz o Vingador se transformar em sua forma real (um cavaleiro) e se revela filho do Mestre dos Magos. Com o Vingador libertado, os garotos ganham a opção de voltar para seus lares. O episódio termina sem o espectador saber se eles retornaram ou não para a Terra, deixando aí o espaço para uma continuação na temporada seguinte. 

Psicologia - Iniciação

SISTEMAS DE PERSONALIDADE - CONCEPÇÃO DA MENTE
ID
Busca do Prazer - Princípio do prazer. Processo primário - uma imagem mental para redução da tensão
Produtos como: viagem/festas/
Ou produtos considerados frívolos
EGO
Princípio de Realidade-Equilíbrio. Processo Secundário quando satisfaz o Id e o Superego
Produtos: banco/escola/
SUPEREGO
Exigências Sociais e Culturais
Produtos: religião
Devido ao superego o ser humano muitas vezes desenvolve um senso de culpa grande. Por isto propaganda, por exemplo, dona de casa se sente culpada ao comprar um produto que a deixe livre para se divertir por isto em propagandas para suprimir este sentimento inconsciente, deve-se  coloca-la passeando no shopping com as crianças junto, ou comprando algo ao marido ou para casa.
Uma pessoa que trabalha demais pode se sentir culpado por viajar então geralmente  vende-se este produto agregado a congresso/seminários, sendo que a agenda é bem livre para o turismo no local do evento.

MECANISMOS DE DEFESA
Formação Reativa
Inversão de sentimentos. Ex.: Odeio minha Mãe dou muito amor a ela
Fixação
Fixa-se em uma fase que foi agradável
Regressão
Comportamento infantil. Ex.: Retorna a fase anterior
Repressão
Coloca-se no Inconsciente os desejos
Ansiedade Real
ao detectar um perigo eminente, real do meio externo
Ansiedade Neurótica
medo da perda do controle e da punição
Ansiedade Moral
medo da própria consciência
Projeção
Coloco no outro coisas que são minhas

ESTADOS DE CONSCIÊNCIA
PRÉ- CONSCIENTE
INCONSCIENTE
CONSCIENTE
São processos inconscientes desenvolvidos pelo Ego e que afluem facilmente à consciência
(quando algo surge em nossa mente, mas não está ainda totalmente esclarecido)

Parte desconhecida, conflitos psíquicos que não foram resolvidos.
(tudo que não é visível nem claro atinge direto o inconsciente e marca)
(é nesta área que se trabalha a mensagem subliminar)
 O que está claro.
A realidade como ela é

ENERGIA PSÍQUICA - DOIS INSTINTOS BÁSICOS
DE VIDA: Libido - Sobrevivência/Reprodução
DE MORTE: Estado de inércia total

INSTINTOS: São fatores propulsores da personalidade porque neles é que vai gerar a energia. sua função básica é diminuir tensão
PERSONALIDADE: É a nossa impressão digital, já está dentro de todos. Descoberta através das experiências
CARÁTER: É formado  através do meio que nos cerca, são os princípios.

SISTEMAS QUE COMPÕEM A PERSONALIDADE PARA FREUD

O id é o sistema original da personalidade. É a parte herdada, é a sede dos instintos é o reservatório da energia psíquica. O id é o ponto de encontro das energias fisiológicas e psíquicas. Age para reduzir a tensão através de 2 mecanismos: ação reflexa e processo primário( forma uma imagem mental do objeto que irá satisfazê-lo). O id não tem conhecimento da realidade objetiva só da subjetiva. Princípio do prazer: busca sempre o prazer e evita a dor.
O ego se forma a partir do id. Ele é o mediador do id com a realidade objetiva. É regido pelo princípio da realidade (realidade objetiva).  A funções cognitivas e intelectuais se colocam à disposição do ego para que este encontre as melhores condições de satisfazer os desejos do id. O ego tem a função de integrar os 3 sistemas. Ele adia a satisfação do id, até que se encontre o objeto adequado para satisfação desses desejos. Age através do processo secundário:   quando  o id forma a imagem do objeto de desejo o ego vai ver se este objeto é adequado a realidade e procura uma saída de unir as duas coisas. Este processo é mais eficiente na redução de tensão.
O superego se forma a partir da introjeção que a criança faz de valores morais  e socais aprende dos pais. Tanto o id como o superego são irracionais. O id por querer o prazer e evitar a dor e o superego por buscar a perfeição. É a parte moral da personalidade que depois de formada passa a tomar conta da pessoa a exercer o auto-controle que antes era feito pelos pais. O superego tem 3 funções principais: inibir o id, tentar guiar o ego para alvos morais e  não realistas e lutar pela perfeição. O superego, como o ego também adia a satisfação dos desejos do id, mas além disso tenta reprimi-lo de vez.
Ego Ideal: é o subsistema do superego que incorpora os reforços recebidos durante a formação do superego. O que é bom, aceitável, reforçado e incorporado ao ego-ideal.
Libido: é a energia com a qual o instinto de vida trabalha. É a energia sexual, está localizada no id.
Impulso: é a força do instinto. Quanto maior a necessidade  maior  será o impulso.
Instinto: é uma representação psicológica inata de uma fonte somática de excitação. É o desejo de satisfazer alguma necessidade, para diminuir a tensão . Os instintos são propulsores do comportamento. Por estarem  sempre tentando satisfazer uma necessidade, os instintos propulsionam a pessoa para a ação, desenvolvendo assim, sua personalidade. O instinto é constituído de 4 partes:
 Fonte, finalidade, objeto e impulso.
A fonte é onde se origina a tensão está junto com a finalidade porque sempre a fonte é que  vai gerar a tensão fazendo com que o organismo retorne ao estado de equilíbrio em que estava antes de surgir a tensão (repetição compulsiva).
Finalidade: é de descarregar a tensão
Objeto: é tudo que está entre o surgimento da necessidade e sua satisfação
Angústia de castração: ocorre na fase fálica, na imaginação infantil o pai, inicialmente amado, passa a ser temido, pois o menino receia que, por ciúme, seu genitor  queira retirar-lhe os órgãos genitais. Uma menina, no entanto gosta mais de seu pai do que da mãe, como sua mãe é o objeto de amor de seu pai ela procurará imitá-la, para também ser amada.
Culpa: inserida fortemente nas pessoas devido a fortes padrões sociais/culturais ou familiares. A pessoa o tempo todo vai lutar com este sentimento de culpa.





CAMINHANDO COM FREUD
 NA COMPREENSÃO DO
 DESENVOLVIMENTO HUMANO
           
Por Oleni de Oliveira Lobo
No  caminho da reflexão  sobre a compreensão do ser humano, nos encontramos com Freud; um personagem imprescindível nessa trajetória pioneira. Antes dele, o homem era visto como um ser biológico e sob a ótica da medicina. Esclarecendo melhor, a forma tão profunda desta viagem ao inconsciente, foi elaborada por Freud .
            Freud iniciou no campo da psiquiatria com a hipnose. Mais tarde devido a descoberta de que seus pacientes ficavam vinculadas a ele, abandonou essa técnica e passou  a usar o método de associação livre, ou seja, os  pacientes falavam tudo que lembravam, relaxadamente. Mesmo que aparentemente sejam palavras jogadas, esses conteúdos permitem explorar  o inconsciente.
            A ambivalência humana que Freud definiu como energia psíquica, constitui dois instintos básicos: Impulso de Vida e Impulso de Morte.
            Impulso de Vida, relacionado a Eros, nossa libido,  que nos leva a construção para nos estabilizar,  representado pelo nosso convívio familiar, trabalho, amizade, relação afetiva e sexual.. Impulso de Morte, relacionado a Tanathos, o prazer ao destruir, a correr riscos, a necessidade do ser humano se desligar, de se rever e renascer a cada instante. Esta ambivalência de construção/reconstrução nos leva ao equilíbrio da manutenção, este dançar constante que faz o ser humano rico em aprendizagem e transformação.
            Na tríade do sistema de personalidade, Id, Ego e Superego, como concepção da mente,  podemos também elaborar um ensaio de correlação com a mitologia, que desde os primórdios despem o ser humano de uma forma até poética.
            Neste ensaio o Id, se identifica com a figura de Dionísio, filho de Zeus e uma mortal, um ser jovem e indomado que confia na sorte e se lança em altos desafios sem hesitação. Os impulsos irracionais em algumas circunstâncias são muito criativos, em outras destrutivos e na maior parte do tempo as duas coisas, mas de toda forma provoca mudanças e viagens rumo a horizontes desconhecidos. A busca de garantia de chegada ou de como vamos chegar, é um risco que precisamos correr, pois se não  começarmos esta viagem e ignorarmos o desconhecido, estaremos negando todo nosso potencial jovem e criativo. É no Id que surgem os instintos básicos, funcionando de maneira a descarregar a tensão imediatamente; é o princípio do prazer. A busca da gratificação dos desejos.
            Em contrapartida, existe o Superego que na verdade muito se correlaciona com Atenas, deusa da justiça, aquela que representa a verdade pura e simples, de forma fria, que elabora uma leitura dos acontecimentos sociais em sua exatidão, aonde a verdade é absoluta.
            Altos princípios e frieza de ponderação sobre a necessidade para preservar e manter a verdade, equilibrando a força bruta com a lógica e sagacidade. Não tem por base o sentimento pessoal, mas a avaliação imparcial e objetiva de todos os fatores.
            O julgamento se estrutura em princípios éticos que servem de parâmetros rígidos para qualquer escolha. Jamais se deixa influenciar pelo desejo humano e pessoal ou pela paixão, é a luta por princípios de natureza ética, surgindo da capacidade da mente em fazer escolhas refletidas, mantendo os instintos sobre total controle.
            O mundo gira em torno da harmonia, da ambivalência e do equilíbrio. Neste papel entra o Ego, simbolizado por Perséfone, filha da mãe natureza (Deméter), que vivia parte de sua vida com Hades senhor das trevas, e outra parte com sua mãe, possuindo assim uma visão dos dois mundos .para representar o equilibrado Ego. Ao citá-lo, vale  como reforço correlacionar com Íris a deusa do arco-íris, que imprime valor a um sentimento diferente de paixão, pois se renova a cada momento adequando-se as necessidades de um coração compreensivo e flexível. Cabe ao Ego estabelecer a harmonia entre o Id e superego, se renovando de acordo com as necessidades do momento em um ajuste contínuo e fluído. Um trabalho ágil de conter a fera e ao mesmo tempo preservar suas características primitivas; o instinto vital e criativo.
É a somatória de experiências passadas, uma espécie de amadurecimento dos ingredientes turvos do inconsciente compatibilizados com o consciente.
            Nosso Ego se estabelece a partir das experiências das viagens ao profundo mundo, denso e cheio de riquezas: nosso inconsciente, que dificilmente pode ser clareado, mas através de  questionamentos dos padrões vigentes, poderemos  descobrir nossos talentos especiais, que podem ser desenvolvidos e utilizados em nossa existência, assim como descobrir nosso lado sombrio, nossas limitações, e com esta visão, e a abertura ao inesperado, surgem as oportunidades à vida e a magia de nossa evolução. Um casamento perfeito entre emoção e razão, decifrando a linguagem sagrada e cósmica do ser adquirindo uma compreensão das necessidades e anseios. O Ego opera pelo princípio de realidade, se adapta as condições do meio com as condições internas, utilizando todas suas funções intelectuais cognitivas
            Do inconsciente fazem parte os traumas, os conflitos psíquicos que não foram resolvidos, e muito dolorosos ao serem recordados. É a maior parte das angústias que estão dentro de nós sem que conheçamos, difíceis de se revelarem, pois são barradas por alguma força que existe no interior de nossas mentes.
            Freud comparava a mente como uma montanha de gelo flutuante, em que a parte que se vê na superfície representa a região da consciência, enquanto a massa maior submersa representa a região do inconsciente, que aprisiona nossos desejos mais secretos.
            Através dos sonhos adentramos a este mundo, em sua forma simbólica, dentro de um enredo imaginário, de realizações de nossos desejos, sujeitos a elaboração  de nossas fantasias, material recalcado, e cheios de significados. Estamos falando de forma apenas didática, pois a análise de um sonho, requer profundidade, devido a  singularidade de nossa produção. Ao sonharmos com a morte de nossa mãe, acordamos tristes e assustados, mas no íntimo vem a questão: no dia anterior não ocorreu uma briga na qual no momento estaríamos querendo distância de nossa mãe?; ou as verdades ditas por nossa mãe já não têm tanto peso como até então, e estamos adquirindo nossa própria forma de ver o mundo?. Estas questões nos levam a entender um pouco mais este mundo de símbolo, que na verdade está a nosso dispor para descarregar tensão, para realizar nossos desejos que muitas vezes desconhecemos ou não queremos enxergar.
            Para Freud, o impulso erótico nos acompanha desde o nascimento, dividido em fases, havendo, em cada uma delas, a predominância de uma zona erógena.
            Na fase oral a boca é a zona erógena que manipulada, causa sensações prazerosas. A sucção  é uma forma de estimulação dos lábios e da cavidade bucal. Nesta fase surge a primeira atividade masturbatória, pois este estímulo consiste em algum tipo de manifestação como lamber e chupar. É muito importante para a criança, que ela receba atenção,  colo, carinho e prazer. Essa fase vai ser substituída pela anal, onde predomina o prazer que a criança sente ao desempenhar suas funções excretoras; é a fase onde se aprende limites, a descoberta da existência diferenciada; a mãe e ela são duas pessoas, a criança sente necessidade de se espalhar, como se demarcasse um território, brinquedos por toda parte, marcando presença através de suas coisas, desorganiza para se organizar, tenta se individualizar dizendo não, e os pais neste momento devem impor os limites para que esta criança se sinta cuidada e amada.. No estágio fálico é que aparece o complexo de Édipo. O menino tem desejos de intimidade com sua mãe e quer afastar o pai  e a menina deseja o  pai e quer afastar sua mãe. A criança manipula os órgãos genitais  e cria em torno disso fantasias sexuais, surgindo o medo da castração, além do medo de ser descoberto. É no órgão sexual que sente o prazer com os pais e imagina que será castigado tirando-lhe o aparelho genital. Isto faz com que a criança invista sua energia no processo de identificação com o pai e reprima seus sentimentos em relação a sua mãe( no caso do menino). Quando a menina descobre o pênis, sente inveja, pois ela possui apenas uma cavidade, culpando sua mãe e invejando o pai por possuir algo que ela deseja dividir . Após esta fase há um período de latência, onde os impulsos são reprimidos. E a seguir vem o estágio genital onde a escolha objetal já é própria, original e específica. É  neste estágio que se desenvolve a socialização, a preocupação com o casamento, interesse profissional  e sexual.
            Estes períodos são divididos para esclarecimento didático. No decorrer de nossa existência há um ir  e vir a estes momentos, delatados quando nos deparamos com  uma situação que nos atinge de forma inexplicável, latente em nosso inconsciente.
            Podemos comparar todo esse processo como a troca de dentição, do dente de leite ao permanente, é um processo de substituição um a um, existindo uma coligação. Ou melhor as fases se intercalam como se fossem elos entrelaçados que formam uma corrente, estão interligadas, interdependentes em todo processo de nosso desenvolvimento sexual.
            Segundo Freud a sexualidade se faz presente em nossa vida desde o princípio de nossa existência. Em seus estudos e observações concluiu que somos um ser sexuado e que em todas as partes de nosso corpo insere a sexualidade (nossa forma de expressão, a realização de um trabalho, conversas,  ensaios de sexualidade como o flerte, postura e forma de ação).
            Somos um bailado constante de pequenas mortes, representadas pelo sentimento de perda, para elaborá-las colocamos coisas no lugar, principalmente atividade lúdica.
            A masturbação é uma forma de liberação de energia, nem sempre ligada ao aparelho genital propriamente dito. Na criança a excitabilidade sexual se dá através da fantasia da relação sexual contínua  de seus pais.
            Este jogo se estenderá pela vida, pois  quando falamos em desejo, estamos falando de representação, é a base da formulação de identidade; nosso desejo só pode existir sobre algo que está em nossa mente e que está ausente. Quando se torna real e concreto deixa de ser desejo. Temos necessidade de estar pensando a frente, de sentir prazer antes de nos apoderarmos do objeto prazer.
            Em relação afetiva, percebe-se este jogo:  “presente/ ausente”, a ameaça da perda estimula o desejo. Queremos nos apoderar do objeto desejado e aprisioná-lo. Um exemplo característico é o do artista: ao terminar sua obra, pode sentir um grande prazer ao vê-la ser escolhida a ponto de ser desejada por outro, porém aliado a este sentimento vem a sensação de perda, de esvaziamento e abandono, mas que provavelmente o estimulará a novas produções.
            O artista elege sua obra, para se comunicar e dividir com o mundo sua percepção e seus desejos.
            Geralmente sensível aos acontecimentos, capta tudo com uma intensidade tal, que precisa ser devolvida ao mundo. Escolhe o ato criador ( ao contrário da agressão que cristaliza), que aponta os “limites” possibilitando reflexões e revisões das formas vigentes.
            A agressão com esta nova vestimenta faz seu papel delatador de forma simbólica, ou seja, sob diversas facetas e identificações com os nossos próprios símbolos.
            A busca constante do ser humano é ser feliz em toda sua forma de expressão; é a busca do amor representado, pelo colo  (troca de fraldas, alimentação na hora, carinho físico) e por cuidados ( impondo limites de forma firme, não aos gritos e de forma repetitiva), a forma de colocarmos estas exigências é que vão variar.
            Na época atual aonde prevalece a competição, muitos gritam por socorro, de forma inadequada talvez. Poderíamos ser mais felizes se deixássemos de nos preocupar somente com os próprios gritos e passássemos a interpretar melhor as necessidades dos outros.
            Quem sabe seria a solução para suprir as nossas carências.
                Freud explicaria?....

*Oleni de Oliveira Lobo é psicóloga com especialização em Psicodrama Terapêutico, pós-graduada em Gestão da Qualidade, consultora em recursos Humanos da B&G Blanco e professora da Faculdade  de Comunicação da Universidade santa Cecília (UNISANTA). oleni@uol.com.br

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brener, Charles - Noções básicas de psicanálise - Editora  Imago/USP - 1975
Salomão, Jayme (direção) Pequena Coleção das Obras de Freud-  Cinco lições de Psicanálise -Contribuições à Psicologia do Amor  - Editora Imago - RJ - 1973
Salomão, Jayme (direção técnica) - Pequena Coleção das Obras de Freud - O Ego e o Id - Editora Imago - RJ 1975
Salomão, Jayme ( direção técnica) - Pequena Coleção das Obras de Freud - Artigos sobre técnica de Sonhos no Folclore e outros trabalhos - Editora Imago - RJ 1976

Salomão, Jayme ( direção técnica) - Pequena Coleção das Obras de Freud - Conferências Introdutórias sobre Psicanálise - Teoria Geral das Neuroses - Editora Imago Rio de Janeiro –1976
O EGO, O PODER, O DESTINO, A LILITH, E A VIDA!
(uma opinião que merece ser analisada)
Todos nós, da raça humana terrestre, enfrentamos alguns dilemas, de difíceis soluções... Conviver nesta sociedade, que tem como valores morais, aquilo que quase sempre o que é imoral, tem criado a todos nós muitas dificuldades em evoluirmos. Se por acaso entende, que evolução é se libertar do ego e de todas as suas armadilhas, então você e eu, estamos no mesmo dilema. Como encontrar este caminho???
Tenho constatado, que o Ego, criado por uma falsa necessidade de vida coletiva, é antes de tudo um grande engano, pois houve tempos neste planeta, que todos os seres viveram uma vida coletiva, onde se trocavam experiências de vida , convívio e construção, sem uma pessoa querer ser melhor, ou ter mais que a outra....... Percebam.... o ego é um instrumento do PODER..
Se tens alguma dúvida, consulte seu coração e veja as suas próprias necessidade de poder... uns se prendem no poder político, outro no social, outro no religioso, outro no econômico, outro no da beleza, outro no....... sempre a disputa por um poder, qualquer que seja, faz com que nosso ego esteja na vanguarda, tomando conta de nossa luz, e não permitindo, que nos livremos da mesmice.
Mesmice que nos acompanha a milhares de anos, e fez com que estivéssemos afastados de nosso caminho de alma. Apenas para relembrar, caminho de alma, entendemos como o caminho de nossa própria conquista como ser, o caminho que nos leva à felicidade interior, este auto-conhecimento que nos aproxima da divindade... ainda não entendeu.... olhe-se e veja, se você é feliz com seu interior.... se não é, não está no seu caminho de alma.... o ego está lhe pegando.
Mas voltando ao poder...... qual será o motivo que nós seres humanos, precisamos tanto deste poder??????
Se olharmos a clássica Psicologia, encontraremos entre as iniciais pulsões de vida e morte, a energia da libido, o eros, os traumas reprimidos, uma série de informações importantes, que podem nos ajudar a entendermos melhor o "porquê somos assim", e em todo os conteúdos que formam nossas SOMBRAS, devem estar explícitos, os motivos de nossas dificuldades.... Mas apontem se há alguém aqui neste planeta, que consegue conhecer todas suas sombras????
Algumas leituras, vieram me ajudar a compreender melhor este enigma, e me deu por hora, algumas respostas, que têm me servido para profunda reflexão.
Nós somos seres bipolares.... aliás, toda a natureza é bipolar,(temos a dualidade) ou funciona aos pares... vejamos... a nossa galáxias, onde se encontra nosso sistema solar... é dirigida por um sol central, onde habitam 2 seres, verdadeiros Deuses, de nomes ALPHA e ÔMEGA. São eles, perante o CRIADOR DE TODAS AS COISAS , O INCRIADO, que O representam, tem autoridade, para resolverem todas as questões evolutivas nesta galáxia.
Esta Galáxia, é formada de 7 sóis, cada um destes sóis, com 7 planetas ao redor. O nosso sol, onde a terra está inclusa, tem também um casal, que o habita, e seus nomes são HELIOS e VESTA. Da mesma maneira, eles tem autoridade, para solução de qualquer coisa, pois são eles os criadores deste sistema solar.
Para entendermos melhor : QUANTO MAIS EVOLUIMOS, MAIS RESPONSABILIDADES VAMOS TENDO E MAIS PARCERIA COM A DIVINDADE VAMOS FAZENDO, até atingirmos o grau de DEUSES, pois Jesus foi bem claro quando avisou..."vós sois Deuses..." Então, podemos entender, que o masculino e feminino estão sempre juntos, participando da co-criação. MASCULINO e FEMININO são inseparáveis. São justapostas, são complementares, são um pedaço de um todo. São um só.
Na tradição esotérica, encontramos informações, de que no início do povoamento do planeta terra, a mais de 250 milhões de anos atrás, nós vivíamos totalmente no paraíso, no próprio Jardim do Éden. Nossa vida era pautada, em viver, se descobrir, amar intensamente nosso parceiro/parceira, na intimidade de nossa vida afetiva e sexual e ter um amor coletivo abrangente, pois vivíamos a lei do amor, e por isso, nosso contato com seres de outras dimensões era total.
Anjos, elementais, mestres, extra-terrestres, faziam parte de nossas vidas. Tínhamos a 3ª visão aberta. Não praticávamos o mal, nem o mau. Vivíamos em harmonia com a obra da natureza. Segundo constam, durante 2 civilizações, os humanos, encarnaram aqui, e se relevaram, ascenderam à categoria de mestres e foram habitar outros mundos, tal é a lei.
Num certo momento, quando o planeta estava quase se materializando, por completo,(atingindo a 3a. dimensão).... num determinado dia....uma mulher..... muito bonita.... começou a sentir sensações estranhas e a questionar o poder que o masculino tinha... principalmente o poder sexual que seu parceiro tinha sobre ela... onde ela sempre se submetia e acabava ficando por baixo.... até então, a troca afetiva, sexual e dos papéis sociais que cada um representavam, era equilibrada, harmônica.... ela durante o ato sexual.... sentiu vontades diferentes.... não a de servir seu parceiro amorosamente, como sempre fora, mas de submetê-lo, dominá-lo.......ële tem pênis, tem força, está sempre por cima de mim.......estou cheia disso......quero ele na minha mão, não só ele como todos os homens.....
Esta pobre mulher não sabia, que ela tinha permitido, que uma das piores energias do universo, entrasse em si, e as conseqüências, foi a conquista do planeta inteiro.... Até aquele momento o sexo era praticado somente por amor, e cada um tinha seu parceiro de coração e alma, mas à partir deste momento, aquilo que era natural entre homem e mulher, passou a ser um jogo, e a intenção da LILITH, era deixar o homem dependente do sexo, ou melhor do corpo da mulher, como conseguiu fazê-lo.
Sua atuação, sempre foi em incentivar a mulher a seduzir, a conquistar, para assim ter o homem na sua mão, e manipulá-lo, para que o império dos desejos tomasse conta do planeta inteiro. A contra partida disto, foi a mulher ficar escrava da forma e beleza, para precisar seduzir o homem. O segundo passo, após o controle da sexualidade foi criar o dinheiro. Com o sexo e dinheiro, estabeleceu-se um intermitente jogo, da busca do PODER. Pois ambos, sexo e dinheiro, sempre representaram o PODER. Mais tarde este PODER se estendeu à religião.
Daí para a frente, a história da humanidade, quase que a conhecemos. Saímos do paraíso, o homem começou a desejar a mulher do próximo, a mulher a desejar o homem da próxima...
Saímos do nosso eixo de equilíbrio... o império dos sentidos dos chacras abaixo do umbigo, começou a tomar conta de todas as pessoas...os nobres sentimentos, as qualidades mais elevadas de alma, começaram a ser esquecidas.... as consequências foram as piores possíveis.... perdemos a 3ª visão, o 3º olho se atrofiou e virou uma glândula, a Pineal....perdemos os contatos com a divindade e ficamos sem seu amparo direto e sabedoria, devido a troca efetiva e perene que existia....começamos a matar a própria obra da divindade, o nosso próprio irmão.... a guerra começou.... as sombras se espalharam pelo planeta inteiro.
A coisa chegou a tal ponto que o Conselho Cármico da Confederação de Mundos das Galáxias, se reuniu com todos os seus mestres, e puseram em votação, a extinção do planeta terra e de toda sua população, pois não entendiam, que a humanidade terrena, teria mais chances de sair do buraco negro que tinham entrado.
Quando parecia que esta seria a decisão, um ser, que era o líder do povo de Vênus, de nome SANAT KUMARA, vendo que tínhamos perdido o uso do fogo, interveio, e tomado por um amor divino que contagiou toda a platéia, compromete-se a ajudar os terrenos, e colaborar para que entre nós surgisse novamente o amor, a compreensão, a fraternidade.....
Conversou com sua metade feminina, a ANUR ( QUE É A PRÓPRIA VÊNUS) e acertaram que ele viria para cá,seria o REI DO MUNDO, e traria do fogo divino, desde o centro do planeta, para que ele fosse se alastrando e num determinado tempo, atingisse toda a humanidade, e pudesse entender novamente os objetivos da criação, para cada um de nós e só voltaria para seu lar, quando o primeiro dos humanos, ascendesse como mestre, FATO QUE OCORREU EM 1.956.
Esta é uma história, que você pode não acreditar, pesquise a investigue.... mas sobretudo analise sua lógica e coerência e vejam-se a si mesmos, olhem-se masculinos e femininos.... percebam quanto da influência das paixões ainda ficaram no nosso Subconsciente.... quanto precisamos ainda jogar fora deste lixo espiritual, que corroe nossas ligações com a divindade.
Nós, masculino e feminino, somos parceiros, não opositores... jogos, seduções, uso do poder, uso do dinheiro, uso do corpo.... são coisas que precisamos urgentemente cortar de nossos cardápios. É imperioso aprendermos a usar novamente o amor.... o amor como elemento primordial da vida, da evolução e da felicidade. O maior PODER do universo é o AMOR. Quanto tempo já perdemos!!!!!!

O mal-estar na civilização - Freud


Em seu texto de 1920, “O mal-estar na civilização”, Freud  chegou a conclusão que o indivíduo não pode ser feliz na civilização moderna. Mesmo com todo progresso técnico e cientifico o homem não se tornou mais feliz. Ao refletir sobre o propósito da vida, ele diagnosticou que o objetivo da civilização não é a felicidade, mas é a renúncia a ela.    A vida do indivíduo é a busca constante pela realização da satisfação do prazer, mas esta  satisfação é impossível de realizar num mundo carente e escasso de recursos.  O mundo é hostil as necessidades humanas, para tudo que é bom e prazeroso exigem-se trabalhos penosos e sofrimentos.  A manutenção da  civilização exige que os individuos trabalhem. Mas os homens não são amantes do trabalho e os argumentos não tem valia nenhuma contra suas paixões.  Assim, é somente através da repressão social que os indivíduos são obrigados a trabalharem.  
        Na teoria da cultura freudiana, a sexualidade é a pedra fundamental na manutenção e reprodução da civilização. A civilização só pode existir porque os impulsos sexuais são canalizados para o trabalho, gerando todos os bens materiais e intelectuais da civilização.  “A civilização está obedecendo às leis da necessidade econômica, visto que uma grande quantidade de energia psíquica que ela utiliza para seus próprios fins tem de ser retirada da sexualidade” (FREUD, 1969, p. 125). Em conseqüência disso, Freud atribuiu as doenças psíquicas de sua época a grande repressão que a civilização exerce sobre os impulsos sexuais. Essa insatisfação foi exigida num grau muito superior que o necessário. O processo civilizatório é marcado pela renúncia e pelo sentimento de insatisfação que os homens experimentam vivendo em sociedade.  O resultado disso é o mal-estar na civilização. Este mal-estar é produzido pelo conflito irreconciliável entre as exigências pulsionais e as restrições da civilização.    
        Hoje em pleno século XXI podemos dizer que nossa época melhorou muito. A vida tornou-se um pouco mais digna; as taxas de crescimento da natalidade e o aumento da expectativa de vida demonstram a melhoria. A saúde e o saneamento básico já atingem a grande maioria da população mundial. O analfabetismo já não é um problema grave dos países subdesenvolvidos.  Há uma maior tolerância à liberdade sexual.  A população de hoje usufrui mais e melhor dos bens culturais. No entanto, o mal estar na civilização não desapareceu.  Em nossa época, o mal-estar assume novas formas, ela estaria mais associada às condições econômicas e sociais que os indivíduos experimentam no mundo moderno. Nós, filhos da modernidade, somos espectadores de uma experiência que melhor se conceitua como fome, miséria, barbárie, guerras, desemprego, instabilidade econômica e social.  Todos esses fatores geram a insegurança social no indivíduo e conseqüentemente são responsáveis pelas doenças psíquicas de nossa época.  No atual estágio de nossa civilização não sabemos se nossas perspectivas serão realizadas. O mundo se torna cada vez mais racionalizado e o trabalho se torna cada vez mais dispensável.  A racionalidade técnica cria cada vez mais domínio de objetos e instrumentos que acabam por mecanizar todas as estruturas sociais.   O homem entendido como homo faber* está perdendo sua importância. Nós vivemos uma época de desemprego estrutural (desemprego causado pela mecanização das estruturas sócias). Esse desemprego atinge todos os países e torna inexorável o fim da sociedade do trabalho. O homem tem se tornado uma peça inútil na estrutura dos meios de produção. A possibilidade de uma mecanização completa em todas as esferas da vida social é uma possibilidade histórica. Esse fato deve abalar o narcisismo do homem.  O indivíduo se vê sem ocupação e sem perspectivas. Ele perde sua identidade na medida em que perde sua ocupação. Ele torna-se um indivíduo à margem, mais um na massa de desempregados. É este mal-estar na civilização, que surge da preocupação, do medo e da insegurança que procuramos diagnosticar. 
        Na época de Freud, o puritanismo, os tabus e a enorme rigidez contra os impulsos sexuais poderiam dar razões para se afirmar que o mal-estar surgisse das restrições à vida sexual. Contudo, vivemos em uma época onde a liberdade sexual é tolerada e até mesmo incentivada.  A sexualidade perdeu sua importância como fator preponderante nas crises de ansiedade e de neuroses.  No atual estágio do progresso humano, as restrições à sexualidade tornaram-se desnecessárias. Com o desenvolvimento técnico e cientifico, o uso das pulsões sexuais na criação dos bens culturais perdeu sua importância. O homem já não precisa mais sacrificar sua sexualidade em nome do progresso. Hoje a racionalidade atingiu todas as esferas da vida social. O progresso técnico atingiu tal amplitude que já não é mais necessário desviar as pulsões sexuais para o trabalho competitivo. Em um futuro próximo, não será mais preciso o uso das forças humanas na produção e reprodução dos bens culturais. As pulsões estariam livres da repressão imposta pelo trabalho social. Dessa forma, o mal-estar do indivíduo na civilização já não surge mais da insatisfação libidinal. Já não é mais de uma tensão física, sexual, que causa a ansiedade, mas é uma tensão psíquica, causada pela preocupação, pelo medo e pela insegurança causada por condições econômicas e sociais. Os estímulos externos causam todo tipo desajuste psíquico.  É comum a experiência da melancolia, da depressão, do desânimo, do desinteresse pela vida, da baixa auto-estima e da sensação de inutilidade.  As doenças que eram menos comuns na época de Freud se tornaram grandes problemas para psicólogos e psiquiatras, são os traumas de roubos e de seqüestros, a síndrome do pânico, a compulsão de consumo, a síndrome de perseguição, a misantropia e a depressão. Todas essas doenças são acompanhadas de crises de ansiedade. São doenças típicas de nossa época e que estão associadas ao mal-estar na civilização.                      
             Segundo Mezan, “na época de Freud a sociedade era mais rigidamente patriarcal e com valores claramente identificáveis, nossa época tornou-se mais relativista e fragmentária. Os ritmos de mudança na sociedade contemporânea se tornaram alucinantes, deixando os indivíduos desorientados e pressionados pelas exigências do dia-a-dia”. (MEZAN, 2000, p. 208). Se na época de Freud os valores eram bem estabelecidos, em nossa época não há mais valores ou rumos pré-estabelecidos a serem seguidos. A família como formadora da individualidade se fragmentou. Os laços familiares se tornaram frágeis por causa das exigências do mundo exterior. A família não constitui mais um núcleo fixo de produção da subjetividade. Todos os indivíduos devem trabalhar se querem viver. A criança não tem mais o convívio do pai. O pai deixou de ser um parâmetro ou modelo a ser seguido. Não há mais parâmetros ou padrões definidos A Tv, a escola e as instituições sociais ensinam os modelos,  as formas de ser, de pensar, de agir e de valorizar. O indivíduo moderno está desamparado e desorientado. Seu modelo é o patrão, o playboy rico, o traficante do bairro ou o artista de novela.  O distanciamento da autoridade paterna causou ao indivíduo o desnorteamento e a insegurança frente ao mundo exterior.        
         O mal-estar na civilização é a condição existencial do homem moderno, é o destino que todos temos de compartilhar. O simples fato de o indivíduo viver no mundo contemporâneo já é o requisito para se viver ansioso. A sociedade industrial, a competitividade, o consumo desenfreado, o desemprego, a violência, a dinâmica das transformações sociais e dos valores, a adaptação do indivíduo às exigências da vida são os principais fatores que produzem o mal-estar na civilização. 
Bibliografia
FREUD, SO mal-estar na civilização. Rio de Janeiro, Imago,   Edições Standard, Tomo  XXI ,1969.
 MEZAN, Renato . O Mal-Estar na Modernidade. Revista Veja, São Paulo, p. 68 – 70, 26 dez. 2000. 

O mal-estar na civilização é um texto do médico e fundador da psicanálise Sigmund Freud que discute o fato da cultura - termo que o autor iguala à civilização - produzir um mal-estar nos seres humanos, pois que existe uma dicotomia entre os impulsos pulsionais e a civilização. Portanto, para o bem da civilização, o indivíduo é oprimido em suas pulsões e vive em mal-estar. É um dos principais escritos onde Freud esboça a relação entre os elementos de sua teoria da consciência com uma teoria social, o outro texto é O futuro de uma ilusão.



O trabalho psicanalítico nos mostrou que as frustrações da vida sexual são precisamente aquelas que as pessoas conhecidas como neuróticas não podem tolerar. O neurótico cria, em seus sintomas, satisfações substitutivas para si, e estas ou lhe causam sofrimento em si próprias, ou se lhe tornam fontes de sofrimento pela criação de dificuldades em seus relacionamentos com o meio ambiente e a sociedade a que pertence. Esse último fato é fácil de compreender; o primeiro nos apresenta um novo problema. A civilização, porém, exige outros sacrifícios, além do da satisfação sexual.
Abordamos a dificuldade do desenvolvimento cultural como sendo uma dificuldade geral de desenvolvimento, fazendo sua origem remontar à inércia da libido, à falta de inclinação desta para abandonar uma posição antiga por outra nova. [1] Dizemos quase a mesma coisa quando fazemos a antítese entre a civilização e sexualidade derivar da circunstância de o amor sexual constituir um relacionamento entre dois indivíduos, no qual um terceiro só pode ser supérfluo ou perturbador, ao passo que a civilização depende de relacionamento entre um considerável número de indivíduos. Quando um relacionamento amoroso se encontra em seu auge, não resta lugar para qualquer outro interesse pelo ambiente; um casal de amantes se basta a si mesmo; sequer necessitam do filho que têm em comum para torná-los felizes. Em nenhum outro caso Eros revela tão claramente o âmago do seu ser, o seu intuito de, de mais de um, fazer um único; contudo, quando alcança isso da maneira proverbial, ou seja, através do amor de dois seres humanos, recusa-se a ir além.
Até aqui, podemos imaginar perfeitamente uma comunidade cultural que consista em indivíduos duplos como este, que, libidinalmente satisfeitos em si mesmos, se vinculem uns aos outros através dos elos do trabalho comum e dos interesses comuns. Se assim fosse, a civilização não teria que extrair energia alguma da sexualidade. Contudo, esse desejável estado de coisas não existe, nem nunca existiu. A realidade nos mostra que a civilização não se contenta com as ligações que até agora lhe concedemos. Visa a unir entre si os membros da comunidade também de maneira libidinal e, para tanto, emprega todos os meios, favorece todos os caminhos pelos quais as identificações fortes possam ser estabelecidas entre os membros da comunidade e, na mais ampla escala, convoca a libido inibida em sua finalidade, de modo a fortalecer o vínculo comunal através das relações de amizade. Para que esses objetivos sejam realizados, faz-se inevitável uma restrição à vida sexual. Não conseguimos, porém, entender qual necessidade força a civilização a tomar esse caminho, necessidade que provoca o seu antagonismo à sexualidade. Deve haver algum fator de perturbação que ainda não descobrimos.
A pista pode ser fornecida por uma das exigências ideais, tal como as denominamos, [2] da sociedade civilizada. Diz ela: ‘Amarás a teu próximo como a ti mesmo.’ Essa exigência, conhecida em todo o mundo, é, indubitavelmente, mais antiga que o cristianismo, que a apresenta como sua reivindicação mais gloriosa. No entanto, ela não é decerto excessivamente antiga; mesmo já em tempos históricos, ainda era estranha à humanidade. Se adotarmos uma atitude ingênua para com ela, como se a estivéssemos ouvindo pela primeira vez, não poderemos reprimir um sentimento de surpresa e perplexidade. Por que deveremos agir desse modo? Que bem isso nos trará? Acima de tudo, como conseguiremos agir desse modo? Como isso pode ser possível? Meu amor, para mim, é algo de valioso, que eu não devo jogar sem reflexão. A máxima me impõe deveres para cujo cumprimento devo estar preparado e disposto a efetuar sacrifícios. Se amo uma pessoa, ela tem de merecer meu amor de alguma maneira. (Não estou levando em consideração o uso que dela posso fazer, nem sua possível significação para mim como objeto sexual, uma vez que nenhum desses dois tipos de relacionamento entra em questão onde o preceito de amar seu próximo se acha em jogo.) Ela merecerá meu amor, se for de tal modo semelhante a mim, em aspectos importantes, que eu me possa amar nela; merecê-lo-á também, se for de tal modo mais perfeita do que eu, que nela eu possa amar meu ideal de meu próprio eu (self). Terei ainda de amá-la, se for o filho de meu amigo, já que o sofrimento que este sentiria se algum dano lhe ocorresse seria meu sofrimento também – eu teria de partilha-lo. Mas, se essa pessoa for um estranho para mim e não conseguir atrair-me por um de seus próprios valores, ou por qualquer significação que já possa ter adquirido para a minha vida emocional, me será muito difícil amá-la. Na verdade, eu estaria errado agindo assim, pois meu amor é valorizado por todos os meus como um sinal de minha preferência por eles, e seria injusto para com eles, colocar um estranho no mesmo plano em que eles estão. Se, no entanto, devo amá-lo (com esse amor universal) meramente porque ele também é um habitante da terra, assim como o são um inseto, uma minhoca ou uma serpente, receio então que só uma quantidade de meu amor caberá à sua parte – e não, em hipótese alguma, tanto quanto, pelo julgamento de minha razão, tenho o direito de reter para mim. Qual é o sentido de um preceito enunciado com tanta solenidade, se seu cumprimento não pode ser recomendado como razoável?
Através de um exame mais detalhado, descubro ainda outras dificuldades. Não meramente esse estranho , em geral, indigno de meu amor; honestamente, tenho de confessar que ele possui mais direito de minha hostilidade e, até mesmo, meu ódio. Não parece apresentar o mais leve traço de amor por mim e não demonstra a mínima consideração para comigo. Se disso ele puder auferir uma vantagem qualquer, não hesitará em me prejudicar; tampouco pergunta a si mesmo se a vantagem assim obtida contam alguma proporção com a extensão do dano que causa em mim. Na verdade, não precisa nem mesmo auferir alguma vantagem. Se puder satisfazer qualquer tipo de desejo com isso, não se importará em escarnecer de mim, em me insultar, me caluniar e me mostrar a superioridade de seu poder; e, quanto mais seguro se sentir e mais desamparado eu for, mais, com certeza, posso esperar que se comporte dessa maneira para comigo. Caso se conduza de modo diferente, caso mostre consideração e tolerância como um estranho, estou pronto a trata-lo da mesma forma, em todo e qualquer caso e inteiramente fora de todo e qualquer preceito. Na verdade, se aquele imponente mandamento dissesse ‘Ama a seu próximo como este te ama’, eu não lhe faria objeções. E há um segundo mandamento que me parece mais incompreensível ainda e que desperta em mim uma oposição mais forte ainda. Trata-se do mandamento ‘Ama os teus inimigos’. Refletindo sobre ele, no entanto, percebo que estou errado em considerá-lo com uma oposição maior. no fundo, é a mesma cosa. [3]
Acho que agora posso ouvir uma voz solene me repreendendo: ‘É precisamente porque teu próximo não é digno de amor, mas, pelo contrário, é teu inimigo, que deves amá-lo como a ti mesmo’. Compreendo então que se trata de um caso semelhante ao do Credo quia absurdum. [4]
Ora, é muito provável que meu próximo, quando lhe for prescrito que me ame como a si mesmo, responda exatamente como o fiz e me rejeite pelas mesmas razões. Espero que tenha os mesmos fundamentos objetivos para fazê-lo, mas terá a mesma idéia que tenho. Ainda assim, o comportamento dos seres humanos apresenta diferenças que a ética, desprezando o fato de que tais diferenças são determinadas, classifica como ‘boas’ ou ‘más’. Enquanto essas inegáveis diferenças não forem removidas, a obediência às elevadas exigências éticas acarreta prejuízos aos objetivos da civilização, por incentivar o ser mau. Não podemos deixar de lembrar um incidente ocorrido na câmara dos deputados francesa, quando a pena capital estava em debate. Um dos membros acabara de defender apaixonadamente a abolição dela e seu discurso estava sendo recebido com tumultuosos aplausos, quando uma voz vinda do plenário exclamou: ‘Que messieurs les assassins commencent!’ [5]
O elemento de verdade por trás disso tudo, elemento que as pessoas estão tão dispostas a repudiar, é que os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que, no máximo, podem defender-se quando atacadas; pelo contrário, são criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa quota de agressividade. Em resultado disso, o seu próximo é, para eles, não apenas um ajudante potencial ou um objeto sexual, mas também alguém que os tenta a satisfazer sobre ele a sua agressividade, a explorar sua capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu consentimento, apoderar-se de suas posses, humilhá-lo, causar-lhe sofrimento, torturá-lo e matá-lo. Homo homini lupus. [6] Quem, em face de toda sua experiência da vida e da história, terá a coragem de discutir essa asserção? Via de regra, essa cruel agressividade espera por alguma provocação, ou se coloca a serviço de algum outro intuito, cujo objetivo também poderia ter sido alcançado por medidas mais brandas. Em circunstâncias que lhe são favoráveis, quando as forças mentais contrárias que normalmente a inibem se encontram fora de ação, ela também se manifesta espontaneamente e revela o homem como uma besta selvagem, a quem a consideração para com sua própria espécie é algo estranho. Quem quer que relembre as atrocidades cometidas durante as imigrações raciais ou as invasões dos hunos, ou pelos povos conhecidos como mongóis sob a chefia de Gengis Khan e Tamerlão, ou na captura de Jerusalém pelos piedosos cruzados, ou mesmo, na verdade, os horrores da recente guerra mundial, quem quer que relembre tais coisas terá de se curvar humildemente ante a verdade dessa opinião.
A existência da inclinação para a agressão, que podemos detectar em nós mesmos e supor com justiça que ela está presente nos outros, constitui o fator que perturba nossos relacionamentos com o nosso próximo e força a civilização a um tão elevado dispêndio [de energia]. Em conseqüência dessa mútua hostilidade primária dos seres humanos, a sociedade civilizada se vê permanente ameaçada de desintegração. O interesse pelo trabalho em comum não a manteria unida; as paixões instintivas são mais fortes que os interesses razoáveis. A civilização tem de utilizar esforços supremos a fim de estabelecer limites para os instintos agressivos do homem e manter suas manifestações sob o controle por formações psíquicas reativas. Daí, portanto, o emprego de métodos destinados a incitar as pessoas a identificação e relacionamentos amorosos inibidos em sua finalidade, daí a restrição à vida sexual e daí, também, o mandamento ideal de amar ao próximo como a si mesmo, mandamento que é realmente justificado pelo fato de nada mais ir tão fortemente contra a natureza original do homem. A despeito de todos os esforços, esses empenhos da civilização até hoje não conseguiram muito. Espera-se impedir os excessos mais grosseiros da violência brutal por si mesma, supondo-se o direito de usar a violência contra os criminosos; no entanto, a lei não é capaz de deitar a mão sobre as manifestações mais cautelosas e refinadas da agressividade humana. Chega a hora em que cada um de nós tem de abandonar, como sendo ilusões, as esperanças que, na juventude, depositou em seus semelhantes, e aprende quanta dificuldade e sofrimento foram acrescentados à sua vida pela má vontade deles. Ao mesmo tempo, seria injusto censurar a civilização por tentar eliminar da atividade humana a luta e a competição. Elas são indubitavelmente indispensáveis. Mas oposição não é necessariamente inimizade; simplesmente, ela é mal empregada e tornada uma ocasião para a inimizade.
Os comunistas acreditam ter descoberto o caminho para nos livrar de nossos males. Segundo eles, o homem é inteiramente bom e bem disposto para com seu próximo, mas a instituição da propriedade privada corrompeu-lhe a natureza. A propriedade da riqueza privada confere poder ao indivíduo e, com ele, a tentação de maltratar o próximo, ao passo que o homem excluído da posse está fadado a se rebelar hostilmente contra seu opressor. Se a propriedade privada fosse abolida, possuída em comum toda a riqueza e permitida a todos a partilha de sua fruição, a má vontade e a hostilidade desapareceriam entre os homens. Como as necessidades de todos seriam satisfeitas, ninguém teria razão alguma para encarar outrem como inimigo; todos de boa vontade, empreenderiam o trabalho que se fizesse necessário. Não estou interessado em nenhuma crítica econômica do sistema comunista; não posso investigar se a abolição da propriedade privada é conveniente ou vantajosa. [7] Mas sou capaz de reconhecer que as premissas psicológicas em que o sistema se baseia são uma ilusão insustentável. Abolindo a propriedade privada, privamos o amor humano da agressão de um de seus instrumentos, de certo forte, embora, decerto também, não o mais forte; de maneira alguma, porém, alteramos, as diferenças em poder e influência que são mal empregadas pela agressividade, nem tampouco alteramos nada em sua natureza. A agressividade não foi criada pela propriedade. Reinou quase sem limites nos tempos primitivos, quando a propriedade ainda era muito escassa, e já se apresenta no quarto das crianças, quase antes que a propriedade tenha abandonado sua forma anal e primária; constitui a base de toda relação de afeto e amor entre pessoas (com a única exceção, talvez, do relacionamento da mãe com seu filho homem [8] ). Se eliminamos os direitos pessoais sobre a riqueza material, ainda permanecem, no campo dos relacionamentos sexuais, prerrogativas fadadas a se tornarem a fonte de mais intensa antipatia e da mais violenta hostilidade entre homens que, sob outros aspectos, se encontram em pé de igualdade. Se também removemos esse fator, permitindo a liberdade completa da vida sexual, e assim abolirmos a família, célula germinal da civilização, não podemos, é verdade, prever com facilidade quais os novos caminhos que o desenvolvimento da civilização vai tomar; uma coisa, porém, podemos esperar: é que, nesse caso, essa característica indestrutível da natureza humana seguirá a civilização.
Evidentemente, não é fácil aos homens abandonar a satisfação dessa inclinação para a agressão. Sem ela, eles não se sentem confortáveis. A vantagem que um grupo cultural, comparativamente pequeno, oferece concedendo a esse instinto um escoadouro sob a forma de hostilidade contra intrusos, não é nada desprezível. É sempre possível unir um considerável número de pessoas no amor, enquanto sobrarem outras pessoas para receberem as manifestações de sua agressividade. Em outra ocasião, examinei o fenômeno no qual são precisamente comunidades com territórios adjacentes, e mutuamente relacionadas também sob outros aspectos, que se empenhem em rixas constantes ridicularizando-se umas às outras, como os espanhóis e os portugueses, por exemplo, os alemães do Norte e os alemães do Sul, os ingleses e os escoceses, e assim por diante. [9] Dei a esse fenômeno o nome de ‘narcisismo de poucas diferenças’, denominação que não ajuda muito a explicá-lo. Agora podemos ver que se trata de uma satisfação conveniente e relativamente inócua da inclinação para a agressão, através da qual a coesão entre os membros da comunidade é tornada mais fácil. Com respeito a isso, o povo judeu, espalhado por toda a parte, prestou os mais úteis serviços às civilizações dos países que os acolheram; infelizmente, porém todos os massacres de judeus na Idade Média não bastaram para tornar o período mais pacífico e mais seguro para seus semelhantes cristãos. Quando, outrora, o Apóstolo Paulo postulou o amor universal entre os homens como o fundamento de sua comunidade cristã, uma extrema intolerância por parte da cristandade para com os permaneceram fora dela tornou-se uma conseqüência inevitável. Para os romanos, que não fundaram no amor sua vida comunal como estado, a intolerância religiosa era algo estranho, embora, entre eles, a religião fosse do interesse do Estado e este se achasse impregnado dela. Tampouco constituiu uma possibilidade inexeqüível que o sonho de um domínio mundial germânico exigisse o anti-semitismo como seu complemento, sendo, portanto, compreensível que a tentativa de estabelecer uma civilização nova e comunista na Rússia encontre o seu apoio psicológico na perseguição aos burgueses. Não se pode senão imaginar, com preocupação, sobre o que farão os soviéticos depois que tiverem eliminado seus burgueses.
Se a civilização impõe sacrifícios tão grandes, não apenas à sexualidade do homem, mas também à sua agressividade, podemos compreender melhor porque lhe é difícil ser feliz nessa civilização. Na realidade, o homem primitivo se achava em situação melhor, sem conhecer restrições de instintos. Em contrapartida, suas perspectivas de desfrutar dessa felicidade, por qualquer período de tempo, eram muito tênues. O homem civilizado trocou uma parcela de suas possibilidades de felicidade por uma parcela de segurança. Não devemos esquecer, contudo, que na família primeva apenas o chefe desfrutava da liberdade instintiva; o resto vivia em opressão servil. Naquele período primitivo da civilização, o contraste entre uma minoria que gozava das vantagens da civilização e uma minoria privada dessas vantagens era, portanto, levado a seus extremos. Quanto aos povos primitivos que ainda hoje existem, pesquisas cuidadosas mostraram que sua vida instintiva não é, de maneira alguma, passível de ser invejada por causa de sua liberdade. Está sujeita a restrições de outra espécie, talvez mais severas do que aquelas que dizem respeito ao homem moderno.
Quando, com toda justiça, consideramos falho o presente estado de nossa civilização, por atender de forma tão inadequada às nossas exigências de um plano de vida que nos torne felizes, e por permitir a existência de tanto sofrimento, que provavelmente poderia ser evitado; quando, com crítica impiedosa, tentamos pôr à mostra as raízes de sua imperfeição, estamos indubitavelmente exercendo um direito justo, e não nos mostrando inimigos da civilização. Podemos esperar efetuar, gradativamente, em nossa civilização alterações tais, que satisfaçam melhor nossas necessidades e escapam a nossas críticas. Mas talvez possamos também nos familiarizar com a idéia de existirem dificuldades, ligadas à natureza da civilização, que não se submeterão a qualquer tentativa de reforma. Além e acima das tarefas de restringir os instintos, para as quais estamos preparados, reivindica nossa atenção o perigo de um estado de coisas que poderia ser chamado de ‘pobreza psicológica dos grupos’. [10] Esse perigo é mais ameaçador onde os vínculos de uma sociedade são principalmente constituídos pelas identificações dos seus membros uns com os outros, enquanto que indivíduos do tipo de um líder não adquirem a importância que lhes deveria caber na formação de um grupo. [11] O presente estado cultural dos Estados Unidos da América nos proporcionaria uma boa oportunidade para estudar o prejuízo à civilização, que assim é de se temer. Evitarei, porém, a tentação de ingressar numa crítica da civilização americana; não desejo dar a impressão de que eu mesmo estou empregando métodos americanos.

O Conceito de “Esclarecimento” Segundo Kant

O Conceito de “Esclarecimento” Segundo Kant  Immanuel Kant escreve um artigo tentando responder a pergunta “O que é  esclarecimento ?”...