sábado, 12 de maio de 2012

O Hulk interior


Conteúdos 
Ética, moral e vida em comum

Habilidade 
Refletir sobre os meios de tornar a vida em comum mais agradável e menos estressante

Tempo sugerido 
Uma aula

Escolhida como tema pelos organizadores da 27ª Bienal de São Paulo, a expressão "como viver junto", de Roland Barthes, resume bem uma questão cada vez mais em pauta nos dias atuais. De fato, com o acelerado crescimento dos grandes centros urbanos, a utopia de uma boa convivência entre os cidadãos nunca pareceu tão distante. Exemplos não faltam: afinal, quem nunca esteve a ponto de perder a cabeça por causa de uma discussão no trânsito? VEJA apresenta uma série de situações cotidianas que fazem os instintos mais básicos da pessoa virem à tona, desafiando-a a manter o equilíbrio e a agir "civilizadamente". E complementa o exame desses cenários desgastantes ou explosivos oferecendo ótimas dicas para domar o "Incrível Hulk" que existe dentro de cada um. Use o texto e este plano de aula como bases para uma reflexão destinada a tornar a vida em comum mais agradável e menos estressante.

Atividades 
Peça que os alunos leiam o texto. Cada um deve anotar (sem se identificar), os casos em que também costuma "soltar as suas feras", agindo de forma semelhante à criticada na reportagem. Identifique os comportamentos negativos mais mencionados e abra o debate: as sugestões apresentadas na revista para essas situações podem ajudar a conter o monstro que existe dentro de cada um?
Síndrome de Hulk: as frustrações da vida em sociedade podem levar à liberação de um monstro interior. Foto: Divulgação
Síndrome de Hulk: as frustrações da vida em sociedade podem levar à liberação de um monstro interior. Foto: Divulgação
Proponha, a seguir, o exame de algumas categorias relacionadas ao convívio social, a começar pelos conceitos de moral e ética.

Explique à turma que, apesar de não serem idênticos, esses conceitos são usados frequentemente como sinônimos. A própria etimologia dos termos é bastante semelhante: moralvem do latim mosmoris, que significa "costume", "maneira de se comportar regulada pelo uso". Já ética vem do grego ethos, possuindo também o significado aproximado de "costume". Feita essa ressalva, pode-se caracterizar a moral como o conjunto de regras que determinam o comportamento dos indivíduos em um grupo social. A ética ou filosofia moral, por seu turno, diz respeito à área do conhecimento designada para refletir criticamente sobre os princípios que norteiam a prática das virtudes.

Ensine que, segundo Aristóteles, há duas espécies de virtudes: a intelectual e a moral. A primeira pode ser obtida por meio do ensino, enquanto a segunda se desenvolve somente pelo hábito. Isso quer dizer que nenhuma das virtudes morais surge de maneira espontânea. Se a natureza proporciona a chance de recebê-las, o indivíduo deve, em contrapartida, aperfeiçoar tal capacidade pela constante repetição, até interiorizá-la como um hábito, um procedimento usual.

Além disso, as virtudes podem ser destruídas pela deficiência e pelo excesso. Como exemplo, tome-se o caso da coragem. O homem que tem medo de tudo e foge em qualquer situação crítica torna-se um covarde. Da mesma maneira, o homem que não teme absolutamente nada e enfrenta todos os perigos torna-se imprudente ou temerário. Ou, dito de outro modo, a falta de coragem corresponde à covardia, assim como o excesso de coragem conduz à imprudência ou à temeridade.

Dessa forma, para Aristóteles, a virtude é definida como uma disposição de caráter que consiste numa "mediania" (ou seja, em um ponto de equilíbrio entre dois extremos). É um meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta. Assim, por exemplo, a virtude "perseverança" é o ponto de equilíbrio entre a "inconstância" (entendida como vício produzido por sua falta) e a "teimosia" (vício derivado de seu excesso).

Daí Aristóteles afirmar: "Senti-la no momento certo, em relação aos objetos e às pessoas certas, e pelo motivo e da maneira certa, nisso consiste o meio termo e a excelência característicos da virtude". Ademais, seu exercício pressupõe a integridade para assumir os valores escolhidos, bem como a responsabilidade para lidar com as consequências de sua ação.

Essas considerações sugerem que a política (enquanto deliberação relativa ao bem comum) é indissociável da ética. Por um lado, a política, ao proporcionar a justiça social a todos, permite que os indivíduos tenham condições para uma melhor formação moral. Por outro, a formação ética é importante para o exercício da cidadania, a fim de que os interesses pessoais não se sobreponham aos coletivos.

Para concluir, encomende um texto individual com base na ética de Aristóteles. O título deve corresponder à pergunta lançada pelo professor Roberto Romano na revista: "O que posso fazer para que a vida de todos seja mais suportável"? Os textos podem ser entregues na aula seguinte.

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