quarta-feira, 2 de maio de 2012

Blade Runner - O Caçador de Andróides Num futuro próximo e sombrio...





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Phillip K. Dick é, com certeza, um dos maiores nomes da ficção científica contemporânea.
Pouco conhecido de muitos, seus trabalhos se tornaram, no entanto, obras produzidas e dirigidas por diretores do calibre de Steven Spielberg, Paul Verhoeven e Ridley Scott. Os filmes derivados de seus contos e histórias geraram bilheterias fabulosas e, com certeza, deram origem a discussões acerca de assuntos complexos (e polêmicos) e da visão nebulosa do futuro, freqüentes na obra do escritor.
O texto "Do Androids Dream of Eletric Sheep?", por exemplo, deu origem a um dos filmes mais cultuados dos últimos 25 anos, "Blade Runner" do diretor Ridley Scott (o mesmo de "Os Duelistas", "1492 - A Conquista do Paraíso" e "Gladiador", entre outros grandes sucessos do cinema).
Motivos para que o filme viesse a ser cultuado podem ser vistos desde o princípio da exibição:- visual futurista de grande impacto (onde se destacam grandes construções moderníssimas, caracterizadas pela utilização exagerada de vidro e ligas metálicas), a névoa que aparece ao longo de todo o decorrer da história e o tom escuro que nos dão a sensação de estarmos presenciando um filme noir (aqueles filmes policiais dos anos 1940-1950, com detetives usando sobretudo e tendo um grande mistério para resolver, tudo dentro dessa atmosfera cinza, escura, sombria), a presença de grandes estrelas do cinema (Harrison Ford, Sean Young, Daryl Hannah e Rutger Hauer), a fantástica trilha sonora de Vangelis,...
A despeito de todas essas variáveis que tornam o filme um grande sucesso, o maior mérito reside na história de Phillip K. Dick. Ao nos defrontarmos com o dilema dos replicantes (andróides feitos a imagem e semelhança dos homens), verdadeiros escravos desse futuro previsto em "Blade Runner", é difícil não pensarmos nas transformações que vivenciamos nos últimos anos, promovidas a partir de pesquisas e projetos desenvolvidos nas áreas de robótica, bioengenharia, biotecnologia, eletrônica e sistemas operacionais.
Que futuro nos aguarda? A prosperidade e a felicidade prometidas ao homem pela ciência e pela tecnologia desde o século XIX? O sucateamento e a destruição dos recursos naturais que nos levarão ao fim da humanidade? O confronto entre os homens e os sistemas e vidas artificiais por eles criados?
O Filme
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Rick Deckard (Harrison Ford) é um Blade Runner, nome dado a uma unidade especial da polícia, no ano de 2019, especializada na captura ou na destruição dos replicantes (andróides tão aperfeiçoados que não apenas se parecem com os seres humanos, também tem sentimentos, sangram e, em alguns casos, tem memórias implantadas para que possam ter uma história de vida).
Inativo e, pouco disposto a sair dessa condição, Deckard é obrigado a voltar ao trabalho em virtude da fuga de modelos Nexus (os mais avançados entre os replicantes) de uma colônia de trabalho em outro planeta. Esses replicantes se destacam por sua grande força, sua notável habilidade e mobilidade e por suas personalidades marcantes. Além de tudo isso, são ainda muito inteligentes.
Como todo o detetive que se preza, Deckard inicia suas investigações pela corporação Tyrell, onde foram fabricados os replicantes. Descobre que há uma replicante trabalhando diretamente para o dono da empresa. Trata-se de Rachel (Sean Young), em cuja memória foram implantadas as lembranças de uma falecida sobrinha de Tyrell.
O problema do detetive, no entanto, são os outros replicantes, que soltos na grande metrópole constituem um perigo eminente de violência e mortes. O que torna ainda pior a história é que eles estão atrás de uma solução para o seu mais grave dilema, ou seja, o curto tempo de vida de que dispõe (estão programados para viver somente quatro anos). Para resolver essa situação, não colocam empecilhos para sua ação...
Obs.: O filme "Blade Runner" tem duas versões, a original lançada em 1982 pela Warner Brothers e renegada pelo diretor Ridley Scott (que não gostava da narração em "off" do personagem de Harrison Ford que foi colocada no trecho final do filme e que fez severas críticas aos cortes e a edição da película) e uma outra, lançada em 1993, batizada de versão do diretor (feita dentro dos conformes propostos por Scott). Procure e assista a versão lançada originalmente nos cinemas em 1982, ela é mais densa, profunda e reflexiva.
Aos Professores
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1- Dilemas existenciais atormentam o homem desde seu surgimento no planeta. Essas dúvidas aumentaram muito com o advento do período contemporâneo, de bases industriais, num mundo sem fronteiras e tomado pela tecnologia. Não são poucas as pessoas que constantemente se perguntam o que acontecerá com a humanidade dentro em breve. Há visões otimistas, algumas que pretendem ser realistas e outras um tanto quanto pessimistas. De que forma entendemos o mundo em que vivemos? Que perspectivas temos daquilo que irá acontecer no futuro? O que gostaríamos de legar para as gerações futuras? De que forma contribuímos com as mudanças que estão acontecendo no mundo e determinam o nosso futuro? Pergunte-se sobre o amanhã e faça com que seus alunos também o façam; Inicie um debate acerca das possibilidades que nos esperam.
2- As dúvidas lançadas no final do filme pelo personagem de Rutger Hauer nos fazem pensar a respeito do destino que a humanidade reserva para algumas de suas criações, como os clones e a inteligência artificial. Clones podem ser considerados da mesma forma que seres humanos? Serão tratados de que forma pela sociedade? Terão assistência da lei em caso de preconceito? Qual a motivação real para a pesquisa e a busca incessante da inteligência artificial? A inteligência artificial substituirá o homem em suas atividades? O que caberá ao homem depois do surgimento dessas criações? Muitas outras dúvidas podem surgir e devem alimentar esse debate crescente, que tende a ser cada vez maior e mais presente em nosso cotidiano...
3- Por que a escola estimula em demasia o estudo da lógica, da linguagem e das ciências humanas e naturais e praticamente despreza qualquer trabalho em termos daquilo que nos faz genuinamente humanos, nossos sentimentos? Quantas vezes paramos para nos perguntar quem são nossos alunos, de onde vem, como vivem, com quem se relacionam e tantas outras dúvidas essenciais para a compreensão de nossa clientela? Pouco ou nada sabemos sobre eles, o que aumenta a possibilidade de termos dificuldades em nosso relacionamento em aula. Não seria isso a comprovação de que carecemos de um trabalho a se realizar na área dos sentimentos? Até que ponto sabemos realmente lidar com isso? Será que, ao menos, nos conhecemos e damos a devida atenção a nossos próprios anseios?

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