quarta-feira, 6 de junho de 2012

PARA QUE SERVE A FILOSOFIA ?


PARA QUE SERVE A FILOSOFIA ?

É IMPORTANTE ESTUDAR FILOSOFIA ?

Qual é afinal a importância de estudar filosofia? Começar a questionar as bases fundamentais da nossa vida pode até ser perigoso: podemos acabar por nos sentir incapazes de fazer o que quer que seja, paralisados por fazer demasiadas perguntas. Na verdade, a caricatura do filósofo é geralmente a de alguém que é brilhante a lidar com pensamentos altamente abstratos no conforto de um sofá, numa sala de Oxford ou Cambridge, mas incapaz de lidar com as coisas práticas da vida: alguém que consegue explicar as mais complicadas passagens da filosofia (…), mas que não consegue cozer um ovo.
Uma razão importante para estudar filosofia é o facto de esta lidar com questões fundamentais acerca do sentido da nossa existência. A maior parte das pessoas, num ou noutro momento da sua vida, já se interrogou a respeito de questões filosóficas. Por que razão estamos aqui? Há alguma demonstração da existência de Deus? As nossas vidas têm algum propósito? O que faz com que algumas acções sejam moralmente boas ou más? Poderemos alguma vez ter justificação para violar a lei? Poderá a nossa vida ser apenas um sonho? É a mente diferente do corpo, ou seremos apenas seres físicos? Como progride a ciência? O que é a arte? E assim por diante.
Nigel Warburton  Elementos Básicos de Filosofia, Lisboa: Gradiva, 2007



A filosofia recusa-se a aceitar qualquer crença que as provas experimentais e o raciocínio não mostrem que é verdadeira. Uma crença que não possa ser estabelecida por este meio não é digna da nossa fidelidade intelectual e é habitualmente um guia incerto da acção. A Filosofia dedica-se, portanto, ao exame minucioso das crenças que aceitámos acriticamente de várias autoridades. Temos de nos libertar dos preconceitos e emoções que muitas vezes obscurecem as nossas crenças. A Filosofia não permitirá que crença alguma passe a inspeção só porque tem sido venerada pela tradição ou porque as pessoas acham que é emocionalmente compensador aceitar essa crença. A filosofia não aceitará uma crença só porque se pensa que é ‘simples senso-comum’ ou porque foi proclamada por homens sábios. A filosofia tenta nada tomar como garantido e nada aceitar por fé. Dedica-se à investigação persistente e de espírito aberto, para descobrir se as nossas crenças são justificadas, e até que ponto o são. Deste modo, a filosofia impede de nos afundarmos na complacência mental e no dogmatismo em que todos os seres humanos têm tendência para cair.

Jerome Stolnitz, Estética e Filosofia da Crítica de Arte, 1960

Vocabulário:
Complacência: condescendência
Crença: inclui não apenas as crenças religiosas mas tudo o que pensamos que é verdade, seja ou não verdade)

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