sexta-feira, 20 de abril de 2012


Se o determinismo radical for verdadeiro, salvar 155 pessoas não tem qualquer mérito


Segundo a notícia publicada no Jornal Público de 16 de Janeiro:
Um avião com 150 passageiros e pelo menos cinco tripulantes a bordo caiu no rio Hudson, em Nova Iorque, mas todos foram salvos. O aparelho ficou a flutuar nas águas do rio. O comandante e o co-piloto conseguiram concretizar com sucesso algo que é muito difícil e exige, além de conhecimentos técnicos, coragem e rapidez nas decisões: a amaragem do avião no rio. 


A palavra “determinismo” exprime a ideia de que tudo o que acontece é o efeito ou o resultado de um acontecimento anterior. Assim, os acontecimentos não ocorrem devido ao acaso, têm sempre uma causa que, ao ser conhecida, nos permite compreender a razão de ser dos factos.
Assim, dizemos que o acontecimento X causou o acontecimento Y (por exemplo: ao largar uma caneta, a existência da força gravítica é a causa da sua queda para o solo). Assim, torna-se possível, conhecido o nexo causal entre determinados fenómenos, prever a sua ocorrência, pois supomos que há uma relação necessária entre a causa e o efeito, o que significa que a presença de um conduz inevitavelmente à ocorrência do outro. Esta concepção filosófica permite descrever, segundo a teoria do determinismo radical, não só os fenómenos da natureza como também as acções humanas.
Se admitirmos que as acções humanas são acontecimentos (efeitos explicáveis a partir de outros acontecimentos que os originaram - as causas, que podem ser factores de ordem educacional, psicológica, genética, por exemplo), então não faz sentido defender a existência daquilo que cada um de nós julga experienciar muitas vezes em determinadas circunstâncias: a possibilidade escolher o caminho por onde queremos ir - o livre-arbítrio.
O determinismo radical ao defender a inexistência do livre-arbítrio nega, consequentemente, a possibilidade de atribuir responsabilidade moral àquele que praticou a acção: uma pessoa só pode responder pelas consequências das acções se estas resultaram da sua livre escolha. Quando a causa destas reside em factores exteriores ao sujeito, que ele não domina (como por exemplo: a educação, as experiências anteriores, os factores genéticos) e o “obrigam”, sem que ele tenha consciência disso, a agir de um modo determinado, a atribuição do mérito ou da culpa deixa de fazer qualquer sentido.
Aplique esta teoria aos factos apresentados.
Como se explica a relutância que parecemos ter em aceitar as consequências desta teoria?

O que é a filosofia? - O ponto de vista das crianças



Vídeo com uma reportagem televisiva (SIC) acerca da Filosofia para crianças. Interessante, pois as crianças têm realmente coisas a dizer.

Menos feliz é a expressão "Ciência do Pensamento" que aparece em rodapé. A Filosofia pensa acerca de muitas coisas, nomeadamente acerca da ciência, mas não é uma ciência.

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