sexta-feira, 20 de abril de 2012


A Filosofia, o diálogo, a crítica e a disciplina

      Três palavras são muito importantes em filosofia: diálogo, crítica e disciplina.
      Diálogo, no sentido etimológico do termo, quer dizer “movimentar a palavra ou a razão, dar movimento ao pensamento; passar o conhecimento de pessoa para pessoa; partilhar e raciocinar”. Filosofia é discutir para conscientizar.
      Filosofia não se faz com autoritarismos, com certos ou errados; ou com “mentes fechadas”. Com ela nós aprendemos a falar para esclarecer e a ouvir para compreender. O que não é muito comum hoje em dia. Nosso egoísmo emperra o movimento do saber. Às vezes nos julgamos os mais sábios, mas na verdade só somos prepotentes. Outras vezes nos julgamos inferiores e nos desprezamos. Nada disto é filosofia. Aí aparece a crítica.
      A crítica é a capacidade de perceber a limitação das coisas. É o julgamento equilibrado das coisas. Nem para mais, nem para menos. Até onde podemos saber? Precisamos avaliar. E para avaliar é preciso conhecer a realidade. Julgar sem conhecer é “pré-conceito”. Isto é errado. Mas, conhecer e não lugar é se ausentar e calar-se. Quem cala consente. Aceitar tudo passivamente é se tornar “Maria vai com as outras”.
      Dialogar e criticar na medida certa, não é tão fácil quanto parece. Talvez seja por isso que muitos não gostem de filosofia. Mas, para quem quiser tentar, aí vem a terceira palavra.
      Disciplina não quer dizer “bom comportamento”, no sentido de ser “vaquinha de presépio”. Disciplina é apenas a capacidade de se organizar. Criar métodos para estudar melhor e aprender com mais eficiência as coisas que são importantes para se viver melhor. Não precisamos nos assustar se um professor exigir disciplina. A não ser que você não queira estudar. Quem não quer aprender nem deveria estar na escola. Além disso, disciplina não se encontra só na escola, ou só em filosofia. Ela é necessária no trabalho, em casa, nos clubes, nos cinemas, nas ruas... Ninguém sobrevive se não consegue se organizar.
      Quem não compreende esses três conceitos (diálogo, crítica e disciplina) não consegue filosofar. E, o que é pior, corre o risco de cair em três outras situações que a filosofia combate; a hipocrisia, a irresponsabilidade e o mal humor.
      Uma pessoa hipócrita vive de fingimentos. É como se vivesse num mundo de aparências. Tudo é só falsidade e “representações”. São falsos amigos, falsos “status”, falsos sentimentos; sempre representa ser o que não é só para ter vantagens.
      Quem é hipócrita também é irresponsável. Não consegue assumir compromissos verdadeiros com nada. Não responde nem pela sua própria existência. É difícil confiar em alguém assim.
      E, ao final, o “pobre” hipócrita e irresponsável termina sozinho e indiferente a tudo. É abandonado pelos falsos amigos, perde o falso “status”; sua irresponsabilidade chega a tal ponto que ninguém mais suporta sua presença (nem ele mesmo). É aí começa o mal humor. Este tipo de pessoa (…) não acredita que as coisas possam dar certo, que as pessoas possam se realizar e serem felizes. O ser humano é um mistério que a filosofia se propõe a desvendar. Talvez, você não se interesse tanto por esta matéria, mas procure pelo menos aprendê-la com bom humor.
(Autor: R. J. Santos.).


01) Qual a ideia principal do texto acima?O que ele pretende mostrar?

02) Com base no texto, explique porque “Filosofia é a capacidade de se surpreender consigo e com o mundo”.

03) Por que é necessário que haja diálogo para que haja Filosofia?

04) O texto informa que é necessário a crítica na Filosofia. O que seria criticar alguém em nossa sociedade? E na Filosofia?

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